segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Os maias


Para termos uma vasta idéia, sim, vasta, a civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, com uma rica história de 3000 anos. Contrariando a crença popular, o povo maia nunca "desapareceu", pois milhões ainda vivem na mesma região e muitos deles ainda falam alguns dialetos da língua original. Os maias construíram famosas cidades e muitos outros centros habitacionais, mas jamais chegaram a desenvolver um império, embora algumas cidades-estado independentes tenham formado ligas temporárias, associações e mesmo rápidos períodos de soberania. Os monumentos mais notáveis são as pirâmides que construíram em seus centros religiosos, junto aos palácios de seus governantes. Outros restos arqueológicos muito importantes são as chamadas estelas (os maias as chamam de tetún, ou "três pedras"), monolitos de proporções consideráveis que descrevem os governantes da época, sua genealogia, seus feitos de guerra e outros grandes eventos, gravados em caracteres hieroglíficos. Muitos consideram a arte maia da era clássica (200 a 900 d.C.) como a mais sofisticada e bela do Novo Mundo antigo. Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos. Os maias foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos celestes, especialmente da Lua e de Vênus. Muitos de seus templos tinham janelas e miras demarcatórias para acompanhar e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados são talvez os mais descritos como observatórios pelos guias turísticos de ruínas, mas não há evidências que o seu uso tinha exclusivamente esta finalidade. Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de miras que indicam que observações astronômicas também foram feitas dali. O sistema de escrita maia era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas. É o único sistema de escrita do Novo Mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no Velho Mundo. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos os códices maias logo após a conquista.
Um arqueólogo disse: “Nosso conhecimento do pensamento maia antigo representa só uma minúscula fração do panorama completo, pois, dos milhares de livros nos quais toda a extensão dos seus rituais e conhecimentos foram registrados, só quatro sobreviveram até os tempos modernos (como se toda a posteridade soubesse de nós, baseados apenas em três livros de orações e "El Progreso del Peregrino).”
Os maias desenvolveram independentemente o conceito de zero e usavam um sistema de numeração de base 20. As inscrições nos mostram, em certas ocasiões, que trabalhavam com somas de até centena de milhões. Produziram observações astronômicas extremamente precisas; seus diagramas dos movimentos da Lua e dos planetas se não são iguais, são superiores aos de qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem instrumentos óticos. Ao encontro desta civilização com os conquistadores espanhóis, o sistema de calendários dos maias já era estável e preciso, notavelmente superior ao calendário gregoriano, muitas vezes reformado depois disto. A maioria da população rural contemporânea da Guatemala e Belize é maia por descendência e idioma primário; em áreas rurais do México ainda existe uma cultura maia.
Que ironia... Todo o conhecimento perdido sobrou nas mãos de pessoas simples do campo.