domingo, 5 de outubro de 2008

Moça com brinco de pérola


Por conta do meu aniversário, gastei bastante comigo mesma.
Tudo para o corpo, nada para a mente.
Mas hoje, ao percorrer um shopping atrás de trocas e novos gastos, encontrei minha próxima aquisição.
Um livro... "dejavu" ... coincidiu com meus pensamentos matutinos sobre um filme, sobre um pintor holandês e sua obra.
Johannes Vermeer.
Pouco se sabe da sua vida. Sabe-se apenas que vivia com magros rendimentos como comerciante de arte, não pela venda dos seus quadros. Por vezes até foi obrigado a pagar com quadros suas dívidas contraídas nas lojas de comida locais. Morreu muito pobre em 1675. A sua viúva teve de vender todos os quadros que ainda estavam em sua posse ao Conselho Municipal em troca de uma pequena pensão (uma fonte diz que foi só um quadro: a última obra de Vermeer, intitulada Clio).
Depois da sua morte, Vermeer foi esquecido. Por vezes, os seus quadros foram vendidos com a assinatura de outro pintor para lhe aumentar o valor.
No princípio do século XX havia muitos rumores de que ainda existiriam quadros de Vermeer por descobrir.
Conhecem-se hoje muito poucos quadros de Vermeer. Só sobrevivem 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor holandês. Há opiniões contraditórias quanto à autenticidade de alguns quadros.

Os seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante uso da luz.
Atravessando corredores extensos, me deparei com a nova onda, nova loja, novo ponto de parada: a Livraria da Travessa.
Lá encontrei diversos livros que me prenderam, mas em um especialmente me fixei.
O livro se chama : Eu Fui Vermeer, e conta a história de Van Meegeren, um pintor de segunda, paranóico e viciado em drogas, cujas falsificações de Vermeer fizeram dele uma estrela secreta do mundo das artes.
Em Eu fui Vermeer, Frank Wynne narra a história do holandês Han van Meegeren, um dos maiores falsários de todos os tempos, especialista em criar quadros que reproduziam em detalhes o estilo e a técnica do pintor Johannes Vermeer.
Vivendo no turbilhão da Segunda Guerra Mundial e da revolução da Arte Moderna, Van Meegeren faturou mais de 50 milhões de dólares com seus quadros falsos, vendidos aos maiores museus da Europa e amplamente aclamados pela mídia. Mais que isso, teve a satisfação de fornecer quadros falsos aos nazistas, arrancando uma verdadeira fortuna do Terceiro Reich.
Seus quadros eram tão próximos dos autênticos que certamente figurariam hoje no catálogo de Vermeer, caso o falsário não tivesse confessado. E Van Meegeren teria permanecido em silêncio não fosse uma trágica ironia do destino: tamanho foi seu enriquecimento durante a guerra que, logo após o fim do conflito, ele acabou preso como colaborador dos nazistas. A única defesa possível era admitir que todos aqueles quadros, de fato, eram de sua autoria, confissão em que o público se recusou a acreditar. O único recurso da corte foi exigir que Van Meegeren, então, pintasse seu último Vermeer diante de um júri.
Eu fui Vermeer, narrado em ritmo que nada deixa a dever aos grandes thrillers, captura não só a vida desse artista, embora não reconhecido, mas também todo o ambiente e o trabalho dos especialistas que identificam quadros falsos e perseguem seus criadores.
É a partir desse panorama que o autor põe em questão o próprio significado da arte.
Eu adoro este tipo de assunto.
Para mim não há maior mistério do que discernir o falso do verdadeiro, o certo do errado, a cópia do original.
Isso vale para obras de arte, jóias, pessoas...
Quero muito ler o livro e ver o filme: Moça com brinco de pérola.
Indicado nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Figurino para o Oscar de 2004, e indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Atuação de Atriz de Cinema - Drama (Scarlett Johansson), o filme conta a história de uma jovem camponesa que mora na Holanda dos anos 1660, cujo pai é um ex-pintor de cerâmica que agora está cego e, por causa das dificuldades financeiras da família, ela tem que trabalhar como criada na casa do pintor Johannes Vermeer.
O roteiro é uma adaptação do romance de mesmo nome de Tracy Chevalier.
Acho que vale a pena ler um e ver o outro.
E nem custa caro, comparado às bolsas e a outros cacarecos estilosos que eu já me presenteei...



Um comentário:

TAPANACARA disse...

A minha mulher é muito sabida.