segunda-feira, 17 de maio de 2010

A NOVELA DO CASAL HORRÍVEL

A gente escreve ou manifesta tipos e expressões exageradas, sempre para se exibir, não tem jeito. Feios ou bonitos, cá estamos nós, nos revelando, personagens de nossas próprias histórias, sofremos, choramos, nos enganamos, nos comprometemos, nos alegramos, nos estressamos, rodamos, dançamos, nos apaixonamos.
E a paixão quando é boa, pega e fica, não descola fácil.
Mas, uma parte dessa história que um dia foi boa e terminou mal, tem um capítulo assim, comigo assistindo sentada, de camarote virtual:
VEJA QUE CASAL HORRÍVEL:
Ela é feia e ele é horripilante.
Feia porque faz uso de coisas baixas para conseguir o que quer.
Feio porque é burro, apesar de aproveitador.
Feia porque só consegue sustentar uma relação homem-mulher a base de dinheiro.
Feio porque se submete ao dinheiro que a feia o oferece todos os dias.
Feia porque se julga superior às outras, outras tantas, outras todas que já passaram e continuam passando pelo teste de cama dele.
Feio porque pensa que engana cada mulher que come, que suga, que cospe.
Feia porque acredita que pode segurar alguém a base de chantagens emocionais.
Feio porque se vende por muito pouco.
Feia porque manipula, rouba e assassina o sonho dos outros.
Feio porque se deixa escravizar e deixa que ditem as regras de seu jogo, só pelo prazer de ter um lugar para ficar, no conforto.
Feia porque pensa que pode comprar amor, gente e família.
Feio porque só reconhece a família quando a família aceita o seu papel de submisso.
Feia porque seus chifres sempre estarão na cabeça; viajando ou não, com esse companheiro, lá estarão eles, seus doces chifres.
Feio porque não tem vergonha de mentir, de usar as pessoas e de fazê-las perderem seu juízo, seu senso crítico, sua razão, quando o que elas mais queriam era apenas ajustar os eixos dele, colocá-lo na linha.
Feia porque não sabe dividir nem trocar.
Feio porque não tem capacidade de acertar.
Feia porque é toda torta, da cabeça aos pés.
Feio porque bagunça com a cabeça e com o coração de gente que está entregue e disposta a amar.
Ah! Não sou mal amada nem fui, só me bateu uma saudade! Saudade do tempo em que vivi com um cara que se dizia apaixonado e de tão apaixonado, fez as maiores loucuras por amor e as piores por dinheiro.
Estou sendo leal em não dizer os pormenores, conhecendo bem um dos dois lados, sim, fui e sou bem leal. Sobre cama, mesa, porcos e diamantes, nenhuma sujeira a revelar. E sei que esse lado calado e cheio de receios, contadorzinho de histórias, com o rabinho todo preso, me agradece.
Também estou sendo feia me preocupando com gente deprimente.
Vou mesmo é cuidar de minha vida, pra não mais cair no poço ou na fossa.
O importante hoje é saber que tudo o que temos é porque merecemos.
E quem quer saber por que o tal casal está junto?
De novo, depois de outra crise? Não!
Ninguém quer saber, mas eu, num momento negro de reflexão, digo:
Por que nesse momento, eles se merecem.
Mas até quando vão se merecer?
Nos momentos escuros será revelado que:
Se tudo passa, tudo passará.
A vida abre espaço para casais mais bonitos se encontrarem.
E sempre haverá espaço para dias e pessoas melhores.
O que vale é este aprendizado:
Se um homem diz que você pertence a ele e você acredita, estará assinando a sua sentença de escrava de um velho escravo.
O problema é a transferência do problema.
Permitir este tipo de troca de energia é se matar aos poucos.
E ninguém aqui quer se matar, acho que nem o casal doce lar.
Um doce, por dezenas de vezes fadado a azedar...
A não ser que mudem a autoria desse melodrama escrito a três braços.
E como eu queria que fosse a dois... daria um livro.

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